Helicóptero movido a óleo de cozinha: conheça a iniciativa alemã que busca utilizar combustíveis mais sustentáveis na aviação
A empresa alemã ADAC Luftrettung realizou o primeiro voo de um helicóptero movido a biocombustível baseado em óleo de cozinha reciclado. O evento foi realizado no início do mês passado e tem como objetivo fomentar a preocupação da aviação civil com a redução da emissão de poluentes.
A aviação é uma das atividades responsáveis pela intensa queima de combustíveis fósseis ao redor do mundo. Essa queima, por sua vez, contribui muito com o avanço das mudanças climáticas e com a emissão de gases do efeito estufa — além de gerar diversos tipos de poluição, como também a poluição sonora.
Segundo dados divulgados pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) através do seu relatório “Inventário de Emissões Atmosféricas” publicado em 2019, desde o ano de 2006 as emissões atmosféricas de poluentes e outros gases dobraram. A Agência, juntamente com outros órgãos reguladores monitoram e fiscalizam essas emissões.
Desta forma, ao redor do mundo as emissões de gases poluentes advindos da aviação é uma preocupação e frequentemente é mencionada nos comitês de mudanças climáticas. O grande problema é a enorme quantidade de combustível queimado durante voos muito longos.
Foi pensando em contribuir e fomentar a preocupação com a emissão desses poluentes que uma empresa alemã, chamada ADAC Luftrettung, iniciou testes com um helicóptero movido a óleo de cozinha usado.
Helicóptero Airbus H145 da ADAC utilizando biodiesel a base de óleo de cozinha
A ADAC realiza resgate e transporte de pacientes para unidades de terapia intensiva para o serviço público de saúde da Alemanha. Trata-se de uma subsidiária que possui cerca de 50 helicópteros de resgate atuantes na Alemanha.
O evento foi realizado no início deste mês de junho com uma aeronave do modelo Airbus H145 movida a um biocombustível que inclui em sua composição querosene de aviação e 50% de óleo de cozinha usado. O combustível especial foi batizado de SAF (Sustainable Aviation Fuel).
Segundo a empresa:
“O H145 estava usando um biocombustível de segunda geração – o SAF preferido da indústria da aviação – que reduz as emissões de CO2 em até 90% em relação ao seu equivalente fóssil, pois é produzido a partir de materiais residuais e de resíduos da economia circular, como óleos e gorduras utilizadas para cozimento. Como resultado, o combustível não tem impacto na produção de alimentos agrícolas.”
Para tornar o feito possível, 4 grandes empresas reuniram-se. A iniciativa partiu da Fundação ADAC, da Airbus (fabricante do helicóptero), da Sanfran (fabricante do motor) e a TotalEnergies (produtora de biodiesel a partir de fontes renováveis).
A utilização dessa fonte de energia nos helicópteros da empresa deve reduzir suas emissões de CO2 em pelo menos 33% — até 90% a depender do tipo de mistura, o que significa 6 mil toneladas a menos do poluente na atmosfera durante um ano inteiro. O plano da ADAC Luftrettung é que toda a frota de helicópteros passe a funcionar a utilizar esse tipo de biocombustível, que terá maior porcentagem de óleo de cozinha em sua composição ao longo dos anos.
É importante lembrar que o óleo de cozinha usado pode facilmente ser transformado em biodiesel, entretanto necessita passar por tratamentos específicos em refinarias.
Aqui no Brasil já temos o Biodiesel composto de óleo reciclado presentes nos principais modais de transporte e também são realizados, frequentemente, testes aplicando este biodiesel na aviação. O mais importante é que você pode ajudar inciativas como a da ADAC aqui mesmo no Brasil, basta destinar corretamente o óleo vegetal usado.
Nós da COS Reciclagem de Óleo cumprimos um papel importante nessa cadeia. Esse tipo de biocombustível pode representar uma ótima saída para o setor de aviação diminuir sua emissão de poluentes e seu impacto ambiental.
Hoje, o transporte aéreo é responsável por 2% das emissões mundiais de CO2, mesma porcentagem de um país como a Alemanha. Em relação aos outros meios de transporte, o transporte aéreo polui muito mais que, por exemplo, o terrestre, em relação à distância e ao número de passageiros que carrega.